quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Alecrim

Acho que já  estou me cansando das cançoes de ninar. Elas eram na minha época cantadas e recantadas constantemente. Não que faça muito tempo, e não faz mesmo(!), mas me cansei delas. Ninaram grande parte das gerações que conhecemos.

Todavia canto muitas delas (e invento outras tantas).

Minha filha adora ser embalada com um "nhém nhém nhém", e eu, como toda boa mãe realizo esse simples desejo dela de todas as horas de dormir. Com um balanço suave, canto as musiquinhas.

E ela, como todo bom bebê, nunca criticou nenhuma. Simplesmente dorme.
(Não sei se por gostar do embalo, do ritimo ou por tédio. Ela dorme.)

Ela prefere, de todas, a do "Alecrim dourado" (e tantas vezes já repeti esta canção, que as vezes me pego no supermercado, empurrando o carrinho de compras e pensando):

"Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado!
Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado!
Foi o meu amor, quem me disse assim que a flor do campo é o alecrim...
Foi o meu amor, quem me disse assim que a flor do campo é o alecrim..."

E, assim, saio pé por pé do quarto. Às vezes ela teima em me chamar de volta:

"_Mã-mã-mãe!", e eu volto, pé por pé e continuo cantando as musiquinhas, mudando os rítimos e mantendo as letras, ou mantendo os rítimos e trocando as frases. Não importa. Ela dorme mais uma vez, eu a abençoo com um beijo, e um sussuro:

 "_ Boa noite, bons sonhos!", respondido com um suspiro anjelical.

Sou pra ela a cantora e a poetisa. Ela não conhece muitos outros, aliás.

Mas é certo uma coisa (como incerto é a qualidade de meu cantarolar): foi ela, meu alecrim, que trouxe toda a poesia (e música e encanto) pra minha vida.
Juliana Fernandes

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