sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sobre a beleza

Outro dia uma pessoa me disse que deixamos de ser bonitas com o tempo, e que isso a preocupava.

Por isto hoje me coloquei a pensar, olhando minhas fotos com quatorze, quinze anos, e de algumas outras mulheres que considero muito bonitas: já fui sim "lindinha". Hoje estou bela (modéstia a parte).

Bela porque consegui assumir um estilo, uma postura, que condiz com minha vida pessoal, social.

Nas fotos de anos atraz eu era uma menina com corpo de mulher.

Hoje sou uma mulher em um corpo de mulher, ou melhor, uma mulher com corpo de mãe.

E nada mais bonito que uma mulher que se veste e porta de acordo com sua idade, que se porta de acordo com o momento que vive.

Charmoso é a menina de 15, que veste mini-saia pra mostrar que está ficando moça, e a aposenta aos 20, dando espaço pra um vestididinho godê, que mostre suas curvas de mulher.

Bonito é a mulher de 25, que percebendo que é hora de assumir uma postura madura, troca o vestidinho por um vestido elegante, sobreposto por um blaiser alinhado.

Sensual é a mulher de 30, que assume que o semblante está pesado e corta o excesso do cabelo, e se veste com calças mais altas, decotes mais bem compostos e um sapato elegante.

Elegante é a mulher de 40, que vendo que está passando o tempo desfila suas marcas de expresão preenchidas por um belo sorriso e não por litros de botox.

Lindo é a mulher que sendo mãe, respeita seu corpo, que mudou para gerar vida, e que aceita que agora chegam as fases da filha, sem buscar reviver. (Uma coisa que me deixa desanimada é ver mães e filhas com o mesmo toque da moda. Me deixa preocupada, na verdade, porque, ou a filha se veste como velha ou a mãe não percebe que a hora dela passou!)

Ao menos, eu, não pretendo cair neste erro!

Pretendo que ela use e abuse dos batons, modelos e detalhes que forem vigentes. Pretendo que ela use cada cor, molde e corte no tempo devido.

Mas espero que se espelhe em meu exemplo e saiba compor a beleza de cada idade. Espero que ela não enlouqueça com a ditadura da beleza, que é cada vez mais ferrenha e que não se  baseie nas revistas (que só nos mostram como somos feias).

Mas quero que ela saiba um segredo que descobri, reparando alguns detalhes na sociedade e que poucas mulheres sabem: uma mulher inteligente e educada é bonita, o encanto que ela traz é mais sedutor que um rostinho padrão.

Quero que ela saiba que quando nos respeitamos, como somos, somos felizes e que bonito mesmo é ser feliz.
Juliana Fernandes

Cinderela

Descobri que princesa minha filha é! É a cinderela.

Porquê? Não me pergunte isso, está nítido!! Olhe como o pézinho dela é pequeno e rechonchudo! Difícil o sapatinho que cabe ali!

Outro dia fui comprar um sapatinho para que ela realmente use, afinal, sapatos para bebês são apenas enfeitezinhos incômodos, que eles tiram e usam como mordedores__tudo bem, ao menos são útei pra este fim!__ Mas agora com quase 10 meses ela resolveu aprender a ficar de pé, e trocar alguns passos de ladinho segurando na mobília e na parede e em tudo que der para ela se apoiar(...) e, com isto, aprendeu a escorregar, com aqueles pézinhos que ficam suadinhos na cerâmica.

Achei então que era a hora!

Foi por este motivo que comprei um parzinho com solados que não escorregassem (afinal, se fosse pra escorregar, deixaria que ela continuasse descalça). Era um par de sapatinhos lindo! Todo cinza, com um toque de gliter, estampadinho de rosas brancas, com um laço e um pingentinho que segurava-o sobre o sapato! Um luxo!

Mas quem disse que coube no peito do pé?

Ninguém disse, afinal:

"_Não coube!", foi o que eu disse pra vendedora, que riu...

Procuramos, enfim, um que coubesse, o All Star não coube, a sapatilha saia do pé, a sandalinha de plástico apertava. Até que encontrei um sapatinho: daqueles de boneca, em verniz preto, com um laço sobre a ponta da frente e um "stras"s em cada ponta do laço! Uma delicadeza, a última peça da loja.

Calcei no pézinho mais gostoso que já vi, o sapatinho mais lindo que encontrei em toda a miha vida! (e será o que direi de todos os próximos sapatos!)

Sabe o que ela fez?

Para minha decepção, sentada no chão da sala, ela tirou o sapatinho de cada pézinho, olhou para eles por um instante e colocou-os de lado, sem cuidado algum (como já se é de imaginar), engatinhou um pouco até a parede, ficou de pé e me abanou umas das mãozinhas, com com a carinha de quem dizia:

"_ Mamãe, é lindo, mas como você mesma disse, é só um enfeitezinho incômodo!"
Juliana Fernandes

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mas por quê???

Hoje no carro, à caminho da escola:

“Mamãe, onde é a escolinha?” “É na rua Quilombo dos Palmares, filha...” “Por que mamãe?”

Por que criança pergunta tanto?

Pronto! Ela lá, eu cá (cheias de dúvidas), ela pergunta, eu respondo, ela descobre meu mundo e eu descubro que meu mundo (pasmem) é ela. E a gente vive assim, numa demonstração de partilha e cumplicidade que não precisa de ensaio, simplesmente acontece.
                                                                                         Jéssica Miranda
                                                              

Meu pequeno broto

Sinto muita falta da minha bebê pequenininha.

Estou vendo ela crescer, espixar como um brotinho de bambu, penso nela como uma menininha grandinha perto do que era quando nasceu, mas é tão pequena perto do meu tamanho (físico é claro, porque a grandeza de uma criança é imensurável!).

Fico pensando na inocência da minha filha. Fico pensando na semente que plantei nesse mundo de "ai meu Deus".

(E penso todos os dias se rega-la como rego é o suficiente.)

Da terra do meu mundo já sai um broto. Um broto discreto, sorridente, que será um mundo inteiro, solta nesse mundo grandão.

É a primeira folinha, de muitas, desta obra-prima (como a Natureza é perfeita)!

Mas me bate uma insegurança, ao saber que educar e criar esta semente de esperança pra toda a humanidade é m inha responsabilidade. Então eu rezo:

"E quando este brotinho lindo for árvore,
espero que dê sombra a muitas outras sementes
e que quando for grande veja sua pequenez diante da imensidão da árvore dona da vida, Deus,
e que vendo sua pequenez seja feliz."

Pois ela grande, e tão grande, que não coube no meu peito e ultrapassou os limites do meu mundo, e criou um novo mundo, e que (ufa! que sorte) tem espaço pra mim...
Juliana Fernandes

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Alecrim

Acho que já  estou me cansando das cançoes de ninar. Elas eram na minha época cantadas e recantadas constantemente. Não que faça muito tempo, e não faz mesmo(!), mas me cansei delas. Ninaram grande parte das gerações que conhecemos.

Todavia canto muitas delas (e invento outras tantas).

Minha filha adora ser embalada com um "nhém nhém nhém", e eu, como toda boa mãe realizo esse simples desejo dela de todas as horas de dormir. Com um balanço suave, canto as musiquinhas.

E ela, como todo bom bebê, nunca criticou nenhuma. Simplesmente dorme.
(Não sei se por gostar do embalo, do ritimo ou por tédio. Ela dorme.)

Ela prefere, de todas, a do "Alecrim dourado" (e tantas vezes já repeti esta canção, que as vezes me pego no supermercado, empurrando o carrinho de compras e pensando):

"Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado!
Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado!
Foi o meu amor, quem me disse assim que a flor do campo é o alecrim...
Foi o meu amor, quem me disse assim que a flor do campo é o alecrim..."

E, assim, saio pé por pé do quarto. Às vezes ela teima em me chamar de volta:

"_Mã-mã-mãe!", e eu volto, pé por pé e continuo cantando as musiquinhas, mudando os rítimos e mantendo as letras, ou mantendo os rítimos e trocando as frases. Não importa. Ela dorme mais uma vez, eu a abençoo com um beijo, e um sussuro:

 "_ Boa noite, bons sonhos!", respondido com um suspiro anjelical.

Sou pra ela a cantora e a poetisa. Ela não conhece muitos outros, aliás.

Mas é certo uma coisa (como incerto é a qualidade de meu cantarolar): foi ela, meu alecrim, que trouxe toda a poesia (e música e encanto) pra minha vida.
Juliana Fernandes

Apresentação

Foi assim que nos tornamos mães: solteiras.

Na verdade toda mulher se torna mãe acompanhada, a outra pessoa é o pai biológico (lógico).
Mas nesse caso (nosso caso), nos tornamos mães sem a companhia após a fatal descoberta. Além do mais, fomos mães antes da hora. Mães jovens, lindas e com um mundo inteiro pra desbravar.

O que nos faz diferentes é que abraçamos a maternidade (e a paternidade) com amor e dedicação, entemeada com a juventude, paralela à descoberta do nosso mundo, a descobrerta do mundo de alguém.

Nos tornarmos verdadeiramente mulheres.

Afinal, não haveria a nescessidade de haver no mundo dois sexos se não houvessem diferenças primordiais pra cada um.

A nossa diferença é notável: somos o abrigo e o amparo da humanidade. Alimentamos com nosso corpo a boca de cada ser que vive na Terra, após cada um deles terem sido  carregados (clandestinamente escondidos) dentro de nós.

E nem por isso perdemos nossa identidade. Na verdade ganhamos mais uma identidade além de super poderes.(Nossa identidade secreta é a "mãe da fulana", a "mãe da beltrana"; os super poderes são que pudemos chamar à luz nossas filhas, amamentar, trabalhar, cuidar de mil coisas, de mil detalhes, e ainda viver nossas vidas _ e descobrir que em 24 horas dá tempo).

Somos felizes e realizadas. Somos pais também! E vamos contar aqui nosso dia-a-dia de mães, mulheres e tal.

Nos apresentamos aqui:

Juliana Fernandes, a mãe da Maria Júlia,
Jéssica Miranda, a mãe da Giovanna e da Maria Luiza.
Juliana Fernandes